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"Estou muito melhor hoje do que há dez anos", diz influenciadora aos 50

Silvia Ruiz

31/07/2020 04h00

Crédito: Fabio Audi

Intercâmbio para aprender inglês nos EUA aos 46, um novo amor aos 49, influenciadora no Instagram aos quase 50. Se tem alguém que representa as perennials (uma nova geração que transcende os limites de idade e vive o tempo presente) é a gaúcha Patricia Parenza, que completa 50 anos em setembro. Comecei este espaço justamente para falar das transformações pelas quais nós mulheres dessa faixa etária estamos passando e uma das coisas que mais me deixam feliz é encontrar outras Ageless nessa jornada que amplificam essas vozes na internet e nas redes sociais.

Conheci a Patrícia pelo Instagram (sigam a gente por lá também @silviaruizmanga e @patparenza) e, entre trocas de dicas de beleza, moda e muitas gargalhadas pelos esquecimentos de nossas mentes recém impactadas pela aproximação da menopausa, batemos muitos papos sobre o que significa ter 50 anos hoje.

De modelo no final dos anos 80 a jornalista e apresentadora de telejornal nos anos 90, Patrícia se tornou empresária, apresentadora de programa de moda na TV e, finalmente, "comunicadora digital"  (influenciadora quase por acidente, já que o jeito honesto de falar na rede social  sobre a maturidade, suas delícias e também seus perrengues logo atraiu uma legião de seguidoras).

Você passou por um momento em que a passagem da idade bateu?

"O momento em que senti que estava mudando de fase na vida foi aos 46 anos, quando tive minha última menstruação para valer. Eu estava fazendo um intercâmbio nos EUA para aprender inglês e tive uma TPM terrível seguida da minha última menstruação. Fiquei muito descontrolada, tive crise de pânico, que até então era algo que havia tido, mas estava sob controle. Me deparei com algo diferente na vida. Foi aí que pensei: será que, agora que estou num momento bom da vida, vou ficar louca?"

E como você saiu dessa crise da chegada da menopausa?

"Procurei um médico, fiz exames e comecei a reposição hormonal, que mudou a minha vida. Levei uns seis meses para retomar a vida como era antes. Até hoje ainda sinto que tenho vez por outra algumas oscilações de humor, mas venho trabalhando isso comigo mesma, entendendo cada vez melhor como lidar com isso positivamente. É uma fase que a gente tem que encarar com serenidade."

O que é para você ter quase 50 anos hoje?

"Para ser sincera, eu estou muito melhor hoje do que há dez anos. Porque estou mais confiante, não me incomodo mais por ter quadril largo e coxas grossas que eu passei a vida toda escondendo. É uma libertação a gente chegar nisso. A idade me trouxe essa calma. Sinto que somos mulheres bem diferentes de nossas mães nessa fase, mas falta a sociedade perceber isso. A gente ganha muita inteligência emocional, e isso é valioso."

Você foi modelo, trabalhou num universo muito ligado à beleza e à moda. Como você lida com a vaidade na maturidade?

"Sem hipocrisia, quando olho no espelho, vejo que me falta colágeno, não é igual. Mas não pretendo me transformar em outra pessoa ou voltar no tempo, isso não é viável. Então eu me cuido e sou vaidosa dentro da realidade dessa fase da vida. Faço meu botox de vem em quando, uma aplicação com ácidos para renovar a pele na dermatologista, mas nada muito além disso.

Outra coisa que faz toda a diferença é cuidar do corpo. Eu me obrigo a fazer exercício pelo menos quatro vezes por semana, antes da pandemia estava fazendo musculação pesada na academia. Mesmo agora em casa me mantenho firme na esteira e tenho meus pesinhos, isso é fundamental para a gente não apenas para a saúde, mas para a autoestima."

Você atraiu uma legião de seguidoras no Instagram, como é para você ser influenciadora aos quase 50?

"Já falava de moda no meu perfil no Instagram e comecei a falar sobre essa questão do envelhecimento. Na verdade, era como se estivesse falando para mim mesma. Para minha surpresa, essas mulheres passaram a me ouvir, foi chegando mais gente, criamos uma comunidade. Acho muito importante que a gente encontre outras mulheres como você também para trocar sobre essa fase da vida. Há ainda muitos tabus, muita coisa que não é dita, muito preconceito."

Você encontrou um novo amor recentemente. Como tem sido esse relacionamento maduro?

"Depois de dois casamentos e um namoro, encontrei um amor em janeiro deste ano. Pela primeira vez me sinto segura, parceira, sem os jogos emocionais que acontecem muito nas relações quando a gente é mais jovem. Temos uma troca ótima, ele tem 57 anos. É diferente porque hoje a gente sabe exatamente o que quer, sabe se colocar para o outro sem cobranças. Olhando para trás vejo que isso era o que eu queria a vida toda, e que a maturidade me trouxe."

Depois que terminei de escrever esse texto, soube que Patrícia foi diagnosticada com coronavírus. Então aproveito o espaço para desejar que você, Pat, que se recupere logo e volte a nos alegrar com seus posts divertidos e discussões tão importantes para nós, mulheres maduras. Saúde!

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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