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Endometriose oferece novos desafios para mulheres após os 40 anos

Silvia Ruiz

22/03/2019 04h00

Crédito: iStock

Esta semana soube pela mídia que março era o Mês de Conscientização da Endometriose, quando acontece a campanha Março Amarelo. Resolvi perguntar para minhas seguidoras no Instagram (me siga lá também @silviaruizmanga) quem gostaria de saber mais sobre a doença. Fiquei impressionada com a quantidade de mulheres que relataram conviver com ela. Pesquisando sobre o assunto, vi ela afeta 1 em cada 10 mulheres. Muitas com mais de 40 anos relataram que passaram décadas enfrentando cólicas lancinantes, dores durante o sexo e infertilidade.

"Passei a adolescência tendo desmaios a cada menstruação de tanta dor. Somente com o uso de pílula anticoncepcional consegui combater as dores. Meu próprio ginecologista achava que era exagero meu e demorei muito a conseguir um diagnóstico. Quando quis engravidar, aos 35, tentei três fertilizações sem sucesso, até que desisti. Mas a pior parte tem sido agora, com 46. Tive que parar a pílula pelo risco de trombose que existe na minha família, e as dores estão de volta com tudo", diz Joana (nome fictício).

Segundo Waldir Inácio Jr, ginecologista especializado no tratamento da doença e em videolaparoscopia e histeroscopia, a endometriose acontece quando o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce para fora do órgão. Os fragmentos vão parar no ovário, nas trompas e até em regiões vizinhas. "Principalmente em cima de nervos, e por isso causam tanta dor", diz o médico.

Um dos tratamentos mais comuns é o uso de pílula anticoncepcional para combater os sintomas, que começam ainda na adolescência (o medicamento barra a ação do hormônio estrogênio e regula ou impede a menstruação, controlando as dores). O problema é que, quando as mulheres passam dos 40, a pílula pode oferecer risco maior de trombose (principalmente se a mulher for fumante, quando o risco fica ainda maior). E aí a decisão de parar com o remédio e voltar a ter as dores passa a ser uma difícil escolha para essas mulheres.

"Essa é uma doença que afeta a vida das mulheres da adolescência até por volta dos 49 anos, quando em geral acontece a menopausa. Mas hoje em dia, como muitas mulheres fazem reposição hormonal para aliviar sintomas da menopausa e em busca de uma vida sexual ativa pós idade reprodutiva, as questões da endometriose podem ser um problema também nessa fase."

O que fazer?

Segundo o ginecologista, há dois caminhos a seguir. O primeiro é o uso do DIU Mirena, que libera progesterona localmente. "O problema é que 40% das mulheres param de menstruar com ele, enquanto outras 60% continuam. E para essas o Mirena não vai resolver. "  Nesse caso, a melhor alternativa, segundo ele, é a cirurgia completa por laparoscopia (pequenas incisões e uso de câmeras para o médico ter acesso às lesões). "Mas desde que seja para a retirada desse tecido completo, o que é uma cirurgia longa, que dura entre quatro e seis horas. " Segundo ele, muitas vezes o cirurgião retira somente parcialmente a lesão, o que não impede que ela volte a crescer. Por isso essa técnica completa é fundamental para acabar com o problema de vez.

Fertilidade

Muitas mulheres chegam aos 40 anos enfrentando a dificuldade para ter filhos por conta da doença (50% das mulheres que enfrentam infertilidade têm endometriose). Segundo o médico, é, sim, possível engravidar após a cirurgia. "Tenho pacientes inclusive que congelaram óvulos e engravidaram nessa idade depois da cirurgia. Acredito que o procedimento seja a melhor opção para as que enfrentam a dificuldade para engravidar. "

Portanto, se você enfrenta a doença e está numa fase de querer ter filhos ou mesmo chegando mais perto da menopausa, saiba que há como resolver o problema sem necessariamente passar por uma cirurgia radical de histerectomia, com a retirada do útero (e às vezes dos ovários, a chamada "menopausa cirúrgica"). Procure discutir com seu médico a possiblidade da cirurgia completa. Quem tem filhas em idade de menstruar também deve saber que cólicas muito fortes nessa idade não são nada normais. "As mulheres são pressionadas socialmente e até por médicos a achar que sentir cólica é normal. Não é. E elas devem buscar ajuda e a suspeita de endometriose sempre deve ser investigada nesses casos. Quando antes, melhor", alerta o médico

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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