Lasers dão vida nova à região intima de mulheres e melhoram a vida sexual
Esta semana comentei no meu perfil no Instagram (me siga lá também: @silviaruizmanga) que faria uma coluna sobre problemas que mulheres enfretam na região intima (ou vagina, pepeka, xoxota, piriquita, como preferir chamar) com o envelhecimento. Em minutos recebi mensagem de uma amiga de 48 anos: "Entrei na menopausa aos 44. Fiz reposição hormonal por um ano e não tenho nenhum sintoma a não ser para transar. Sinto uma dor horrível".
O problema da minha amiga é muito mais comum do que se imagina. Cerca de 50% das mulheres passam pela chamada sindrome urogenital durante a menopausa, climatério, após remoção de ovarios ou tratamento para cancer de mama ou pélvico.
Os principais sintomas a que as mulheres podem sentir são: secura, ardor e coceira vaginal ou na vulva, desconforto ou dor durante o ato sexual, dor ou ardor ao urinar, aumento da vontade de fazer xixi durante a noite, infecções urinárias frequentes e incontinência urinária (até mesmo pequenas escapadas de xixi em situações como exercícios físicos, por exemplo).
No tempo das nossas avós talvez isso significasse o fim da vida sexual. Acontece que hoje uma mulher nessa idade quer uma vida plena, e sexo tem um papel vital nisso. E aí? O que fazer?
O tratamento com reposição hormonal (principalmente do estrogênio) e o uso de cremes vaginais eram o único recurso até bem pouco tempo atrás. Mas um novo método que utiliza laser tem se tornado uma opção muito boa para quem não pode ou não quer fazer a reposição hormonal (falo sobre reposição num post anterior). Ginecologistas e até dermatologistas vem usando esse tratamento com resultados positivos.
A dermatologista Shirlei Borelli sentiu os efeitos da menopausa na própria pele e resolveu começar a pesquisar o uso dos lasers que ela já utilizava para tratar o rosto e corpo de seus pacientes para a região intima. Ela foi uma das pioneiras da laser terapia intima no Brasil. "Eu me considerava jovem e comecei a falar com minhas pacientes que passavam pelo mesmo momento e não queriam uma solução invasiva como uma cirurgia. Foi aí que fui buscar essa especialização fora do Brasil, diz a médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e pesquisadora do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp.
Segundo ela, menos estrogênio deixa os tecidos vaginais mais finos, mais secos, menos elásticos e mais frágeis. E é justamente nessa mucosa que o laser atua. São usados os lasers de CO2 ou Nd:Yag e o Er: Yag, que já eram comuns nos consultórios de dermatologistas. A novidade foi a criação de uma ponteira própria para a região genital. Durante o procedimento, a ponteira paquece a mucosa vaginal, atingindo precisamente o tecido elástico que envolve a vagina, estimulando os vasos sanguíneos e os fibroblastos a aumentarem a produção de colágeno, que recupera a elasticidade do canal vaginal. Além disso, a luz emitida pelo laser também estimula a produção natural de lubrificação da mulher.
Outro dermatologista que passou a se dedicar ao tratamento íntimo, o médico Luiz Perez inclusive criou uma clínica 100% dedicada ao tema, o espaço Mira, em São Paulo. "Eu fui buscar especialização em sexualidade humana porque percebi que o medicos não tinham a menor noção das particularidades do prazer feminino". Ele diz também que é preciso muito cuidado com a prescrição do tratamento. "Já ouvi muita gente dizer: faça esse tratamento, seu marido vai adorar'. Isso é algo totalmente machista que desconsidera o prazer da mulher". Ele recomenda que o trabalho de recuperação da area genital seja por motivos funcionais, não estéticos. "Criaram no Brasil a terrível ninfoplastia, que já tem esse nome absurdo." Ele se refere à cirurgia plástica que tem por objetivo diminuir os pequenos lábios vaginais, estruturas que protegem a entrada da vagina. "Isso só deve ser feito quando esses lábios atrapalham a função sexual, não por estética", diz o médico.
De fato, fiquei pensando como é que pode existir médicos que se prestam a recomendar para uma mulher uma cirurgia para ficar com a vagina como se fosse de uma boneca Barbie?
Conversei com uma paciente de 50 anos que se submeteu ao laser Nd:Yag e o Er: Yag de um equipamento chamado Fotona. "Mesmo com a reposição hormonal eu não estava bem. Sexo tinha virado uma coisa péssima para mim, tinha dores e pouca lubificação. Meu ginecologista acabou me encaminhando para um medico especialista em laser. Nem sei descrever o quanto minha vida mudou! Me sinto outra mulher", diz Claudia (nome fictício).
Segundo ela, o procedimento foi indolor e durou cerca de 15 minutos. Ela passou por três sessões e viu resultados em dois meses. . "Você sente um calorzinho no local, mas bem suportável.
Em média, são necessárias de duas a três sessões ao todo (que custam entre 1.500 e 3.000 reais a sessão), segundo a ginecologista Marisa Patriarca, professora da pós-graduação da Unifesp e que trabalha com o laser de CO2. Ela alerta que é preciso cuidado com o "oba-oba" em cima da nova técnica. "O que temos hoje são as pacientes de fato melhorando. Mas ainda é preciso mais estudos para definer um padrão de tratamento comum aos medicos", diz ela.
Portanto, fica o alerta, se for buscar esse tratamento, procure um medico que seja referência no assunto, não apenas alguém que comprou o equipamento. Experiência no uso de lasers conta muito nessa hora. Os especialistas com quem conversei dizem que há risco de fibrose ou até a geração de mais colágeno do que seria necessário, causando mais dores no futuro, ou seja, tudo que você não quer.
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