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Já ouviu falar na 'dieta do DNA'? Conheça nova tendência em nutrição

Silvia Ruiz

07/12/2018 04h00

Crédito: iStock

Dieta low carb, paleolítica, cetogênica, flexível, Beverly Hills, mediterrânea, plant based… Parece que a cada dia surge uma nova modalidade de dieta que promete ser a melhor para a saúde, o coração,  emagrecer ou para ganhar músculos. E quantas vezes você seguiu a mesma dieta para perder peso que sua melhor amiga e foi um sucesso para ela e um fracasso para você? E por que isso acontece? A explicação pode estar nos nossos genes, no nosso DNA.

Depois da conclusão do projeto Genoma Humano, que mapeou nossos genes em 2003, criou-se a possibilidade de se estudar de que maneira determinados alimentos e substâncias presentes neles interferem em nosso DNA e na expressão de nossos genes. Essa ciência foi batizada de nutrigenômica. Hoje já é possível saber como as variações e individualidades genéticas de cada um faz com a gente tenha metabolismos diferentes.

Os genes (e pequenos "defeitos" que eles podem apresentar, chamados polimorfismos) explicam por que algumas pessoas têm dificuldade para perder peso, outras não metabolizam bem proteínas ou gorduras, ou ainda ganham músculos muito lentamente, entre muitas outras características. E conhecendo esses genes, os médicos e nutricionistas já conseguem determinar individualmente uma dieta que seja melhor para você, especificamente. É por isso que ela foi popularmente batizada de "Dieta do DNA", mas o que de fato acontece é a prescrição de dietas com alimentos que podem não apenas ajudar a emagrecer, mas também a prevenir doenças para as quais temos predisposição genética.

"Hoje os testes genéticos permitem, por exemplo, saber que determinada pessoa tem predisposição para ter pouca resposta à saciedade. E sabemos que tipo de alimento pode ajudar a silenciar a expressão desses genes. Ou seja, podemos fazer uma dieta extremamente individualizada", diz Marcelo Guedes Brandão, nutricionista clínico funcional especialista em terapia nutrigenômica. No entanto, é importante alertar que não é qualquer médico ou nutricionista que realmente está capacitado para analisar esse tipo de exame. Pesquise bem as credenciais do especialista com quem você se consultar.

No meu caso, por exemplo, como eu vivo falando no Instagram (me siga lá também @silviaruizmanga)o teste genético mostrou que uma dieta low carb, com alimentos de baixo índice glicêmico (ou seja, basicamente nada de açúcar, farinhas refinadas, pão, macarrão) e muitas fibras seriam a melhor dieta. Assim como o metabolismo da cafeína não é muito eficiente para mim, por isso evito a bebida. De fato, mudar a dieta para low carb há alguns anos foi a melhor coisa que fiz, depois de tentar vários tipos de dieta que não funcionavam bem para mim.

"Eu costumo dizer que com os testes cada vez mais os nutricionistas saem do modo tentativa e erro ao prescrever a dieta", diz a bioquímica especialista em genética humana Lia Kubelka Back do laboratório Biogenetika, que criou dois testes específicos, o BioDiet e o BioSport. O primeiro ajuda o nutricionista a definir a melhor dieta, enquanto o segundo na orientação de programas de exercícios e performance esportiva. "A avaliação dos genes nos permite saber se uma pessoa precisa trabalhar mais força ou capacidade aeróbia, por exemplo. Nem todo mundo precisa passar uma hora na esteira", diz Marcelo Guedes. Mas nem todo especialista entende do assunto, portanto é importante buscar um médico ou nutricionista com experiência em nutrigenômica.

Já a nutrigeneticista Tatiane Fujii, do Centro de Genomas, chama atenção para muitos outros detalhes que os testes hoje podem revelar, como a dificuldade para absorver certas vitaminas, por exemplo. "Se o exame mostrar que há deficiência no indivíduo no transporte de vitamina D ou em sua absorção, o melhor caminho pode ser a administração da vitamina intramuscular, por exemplo", diz a especialista. No caso do tratamento de obesidade, ela diz que é possível determinar se o paciente vai se beneficiar mais de uma dieta mais proteica ou com maior aporte de carboidratos.

Já ficou com vontade de conhecer seu perfil e ter sua dieta personalizada? Saiba que existem mais de 15 testes diferentes no mercado, alguns até enviados para processamento fora do Brasil, e o número de variáveis genéticas varia bastante, bem como os preços (esses exames não tem cobertura dos planos de saúde). O painel Nutrivieé, do Centro de Genomas, custa R$ 3 mil e deve ser solicitado por médico ou nutricionista. Já o combinado dos dois testes da Biogenetika, BioDiet e o BioSport custam por volta de R$ 1.800 (e quem mora em São Paulo pode inclusive realizar o teste diretamente no laboratório, sem pedido médico). Mas os testes feitos fora do Brasil podem não ser tão confiáveis, por não contemplar totalmente o genoma do brasileiro, que também costuma ter ascendência indígena e africana.

A vantagem é que esses exames só precisam ser realizados uma vez na vida, já que seus genes não vão mudar. "Mas é importante a gente não banalizar esses exames, e não tratar a nutrigenética como a bola da vez, uma coisa 'da moda'. Os testes não são um instrumento para fechar diagnóstico, são indicadores de susceptibilidades", alerta Guedes.

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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