Mulheres Ageless: "Tenho fogachos, mas estou feliz", diz Claudia Raia
Silvia Ruiz
12/06/2020 04h00
Crédito: Tato Belline
"Acabei de me arrumar para um trabalho, mas veio em seguida o fogacho. E o que é o fogacho? É menopausa, amor! Invadindo meu corpo, molhando minha cabeça. Ou seja, estou há horas fazendo uma escova no cabelo, para nada! Tô com fogacho, mas tô feliz, tô animada!"
É assim que Claudia Raia, aos 53 anos, escancara o momento que está vivendo com os sintomas do climatério para seus mais de 6 milhões de seguidores nos stories do Instagram. Sem frescura, sem freios e, acima de tudo, com um baita bom humor.
Sendo parte de um meio no qual a juventude é praticamente uma regra de sobrevivência, uma atriz do tamanho da Claudia se expor dessa forma é libertador para milhares de mulheres. Ela mostra que, sim, uma mulher na menopausa pode ser linda, ativa, potente, produtiva e sexy. Pode cantar, dançar, atuar, produzir seus próprios espetáculos, ser boa mãe (e, ainda por cima, ter um marido gato!). Nem na quarentena Claudia fica parada. Ela ainda está aproveitando esse isolamento para trabalhar em sua biografia.
Foi nesse clima de bom humor e transparência que batemos um papo virtual na última quarta-feira sobre o que é ser uma mulher de mais de 50 anos hoje.
Para começar, como está vivendo a quarentena? Você teve covid-19, como está agora?
Sim, já passou, mas agora estamos bem e seguimos aqui no isolamento, eu, Jarbas e meus filhos. É hora de todos colaborarem. Tenho lido, feito exercícios, trabalhado em casa e estou vendo com muita humildade toda essa movimentação importante que está acontecendo em torno da luta contra o racismo. E que espero que não seja apenas uma onda, que seja algo que traga mudanças.
Esse é o momento de entender com muita humildade que a gente precisa aprender do zero sobre esse tema. Entender como ser parte dessa mudança. Felizmente eu vejo que a geração dos meus filhos já tem outra cabeça sobre isso. O Enzo inclusive trabalha com causas sociais. Ele me alerta sobre tantas questões que a nossa geração não via. Tenho esperança nessas novas gerações, e a gente, que está mais velho, tem que reaprender tudo e saber ouvir.
O que é envelhecer para você?
Eu acho que envelhecer é perder a curiosidade. Eu não vivo do passado, de outros tempos. Ate porque tinha um monte de coisas legais, mas muitas outras que não eram. Me interessa a nova realidade. Eu tenho muitos amigos jovens, eu acho que trago um frescor dentro de mim que tem a ver com essa curiosidade pelo que está aqui hoje. Envelhecer para mim é perder esse frescor. Por exemplo, a minha relação com a internet. Eu quero aprender a fazer eu mesma as coisas que eu posto etc. Eu poderia ter alguém para fazer para mim, mas eu quero aprender, eu quero me atualizar. Amo minha idade, meu corpo e toda minha história. Me acolhi, me aceitei e me permiti a ser quem eu sempre fui. A idade é só um detalhe nisso.
Mas tem coisas que incomodam? A menopausa te incomoda?
A verdade é que a vida das mulheres é muito injusta! A gente menstrua 40 anos e aí começa a menopausa que destrói a gente se não tiver condições ou informação suficientes para poder se cuidar. E tem a coisa da visibilidade. A mulher é jogada em um buraco aos 40 anos e só sai de lá aos 80, já idosa! É como se a gente não existisse, por isso faço questão de falar sobre isso, de ser uma voz. Eu comecei a entrar na menopausa há dois anos. Não fiz reposição hormonal porque tenho enxaqueca e por isso nunca tomei hormônios para não piorar o quadro. Mas me atrapalhou bastante, sono e tudo, e fui tentando controlar com chá de amora, essas coisas naturais. E somente agora comecei um tratamento para repor os hormônios de maneira bem cuidadosa, somente um pouco dos que estão faltando, com um médico bem conservador e atento.
Além disso você é bem disciplinada, cuida bastante do corpo e da saúde, né?
Meu corpo é uma construção de anos como bailarina, eu sei que sou privilegiada em relação a isso. Agora, por exemplo, engordei um pouco na quarentena, tudo bem, a gente recupera. Para mim o importante é se sentir bem no corpo, cada um da sua maneira. Mas de fato eu sou supercuidadosa, minha educação foi assim. Minha alimentação nunca foi solta, minha mãe já me criou na disciplina, até suco de rúcula com agrião ela já dava para a gente nos anos 70. Eu amo comer, comer bem. Então realmente trato disso com atenção, aqui em casa pesamos as quantidades certas de cada nutriente, é uma dedicação mesmo, até porque eu e Jarbas trabalhamos com o corpo, a dança exige muito da gente.
A sua rotina de atividade física é pesada? O que você faz para manter a forma?
Ballet clássico a vida toda, e continuo fazendo aulas de 3 a 4 vezes por semana, além de ioga e musculação. Aliás, musculação é fundamental! Não existe plano B. Se eu não fizesse musculação não estaria dançando até hoje, ela garante que a gente não perca os músculos nos mantém em pé. Eu e Jarbas agora na quarentena seguimos treinando em casa, e nos ajudamos. Quando um está com preguiça o outro vai lá, da uma incentivada. Eu sei que, se eu parar agora ou bobear, vou andar para trás. Sei que na minha idade não é hora mais de ganhar, não vou ser como aos 30 anos, mas, sim de manter. Toda mulher precisa de musculação na nossa idade.
E como cuida da pele? Faria cirurgia plástica tipo lifting facial?
Faria, sim! Fiz no nariz. Acho que a gente tem que fazer o que nos fizer sentir bem. Mas faria algo muito leve, sem exageros, É assim que eu cuido da pele também, sempre que posso faço um laser, tratamentos que deixem a pele mais bonita, com mais tônus, mas nada que seja over. Não quero tentar parecer mais jovem, mas ter um ar mais descansado, de quem está bem e saudável.
Sobre Autora
Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.
Sobre o blog
O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.