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Glicólico e retinoico: entenda como atuam os ácidos que renovam a pele

Silvia Ruiz

17/07/2020 04h00

iStock

Se você já passou dos 50 anos como eu, provavelmente já cansou de ver de tempos em tempos surgir um novo ativo que toma conta de todos os rótulos de dermocosméticos da farmácia como a mais nova promessa para combater rugas, melhorar a textura da pele, salvar nosso rosto do envelhecimento (aliás, alguém ainda acredita nessa promessa?). Caviar, algas marinhas, cristais, tem de tudo. Mas o fato é que algumas das melhores substâncias que existem no mercado estão aí há muito tempo, venceram os modismos e realmente podem ser considerados aliados da nossa beleza. Dois deles são os ácidos glicólico e retinoico.

Quando me perguntam sobre minha rotina de cuidados com a pele no Instagram (me siga lá @silviaruizmanga) costumo dizer que, se tivesse que usar apenas três produtos na vida seriam: algum tipo de hidratante, protetor solar a ácido retinoico.

"De fato esses ácidos já são usados há muito tempo, começaram sendo manipulados com receita por dermatologistas e hoje já existem vários dermocosméticos prontos, mas com uma dosagem mais baixa do que via prescrição médica", diz o dermatologista Gabriel Sampaio, membro-titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Ele explicou as diferenças entre os dois ácidos mais vistos nas prateleiras das drogarias, o glicólico e o retinoica. Claro que você pode comprar o que achar mais adequado para a sua pele, mas vale lembrar que a melhor recomendação específica para você só um dermatologista vai poder dar.

Ácido glicólico

Se você é seguidora de influenciadoras de beleza nas redes sociais, provavelmente já deve ter visto várias delas falando do "milagroso" ácido glicólico. O ativo ganhou fama nos últimos tempos principalmente por conta do tônico da marca canadense The Ordinary, que virou queridinho das influencers.

O glicólico é um alfa-hidroxiácido (AHA) que tem origem na cana-de-açúcar que é usado por dermatologistas desde os anos 80 em concentrações altas (acima de 10%) para promover uma esfoliação química (ou peeling). Essa esfoliação estimula a renovação e melhora a textura da pele. "Muitas mulheres acham que isso clareia a pele, mas na verdade esse efeito clareador se dá justamente pela renovação celular", diz o médico.  

Já nos cremes que compramos para uso em casa, a concentração do ácido glicólico é mais baixa, entre 6 e 8%. Isso vai ajudar a deixar a pele mais hidratada, mas não provocar o efeito do peeling realizado num consultório. "O glicólico acaba sendo uma alternativa para aquelas peles que são mais sensíveis e ficam irritadas com o ácido retinoico, por exemplo", explica Gabriel. 

Ácido retinoico e Retinol

Em 1913, pesquisadores da Universidade de Wisconsin e de Yale estudaram a vitamina A e detectaram que ela tinha o poder de reparar a pele. Depois disso, já na década de 80, o dermatologista americano Albert Kligman comprovou  a ação da tretinoína (outro nome para o retinoico) no tratamento do envelhecimento.  Kligman foi o inventor do medicamento Retin-A para o tratamento de acne, à base de tretinoína, que depois passou a ser usada contra o envelhecimento da pele causado pelo sol.

A  tretinoína é um derivado da vitamina A que conhecemos pelo nome de ácido retinoico. Você já deve ter visto muitos cremes por aí com a palavra "Retinol" no rótulo, que é a versão menos potente do ácido.

Além de provocar a renovação da pele assim como o ácido glicólico, o retinoico tem uma atuação maior na síntese de colágeno, tornando as fibras mais elásticas e dando mais firmeza e espessura à pele (não é isso que a gente quer?). "Nesse sentido ele age mais sobre as rugas que é o que as mulheres mais maduras procuram", diz o dermatologista. Ou seja, por esse aspecto o retinoico faz mas sentido para nós, de pele madura, do que o glicólico.

O problema é que nem toda pele tolera o ácido retinoico, principalmente nas concentrações mais altas dos cremes manipulados com prescrição médica. Ele pode causar vermelhidão, irritação e descamação. Nesse caso, a alternativa é usar em concentrações mais baixas e/ou fazer uso em dias alternados, sempre à noite (não se deve sair ao sol com o ácido na pele). Outra maneira de reduzir a irritação é aplicar um hidratante antes do ácido, principalmente na região dos olhos. Sim, Gabriel diz que podemos usar para atenuar as ruguinhas embaixo dos olhos também, desde que sua pele tolere.

Eu mesma me dei bem com o retinoico usando inicialmente em dias alternados, e hoje uso diariamente sem problemas. Mas quando comecei a usar, por volta dos 30 anos, me lembro de ter descamação e ter que reduzir o uso para três vezes na semana.

Um alerta importante: independente do ácido que você for usar, não deixe de usar protetor solar durante o dia. Mesmo que a pele não fique vermelha, ela ficará mais sensível e poderá ficar manchada com a exposição ao sol, ainda que em dias nublados.

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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