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Cuide do seu coração: ele é a maior causa de morte de mulheres após os 40

Silvia Ruiz

13/03/2020 04h00

iStock

Talvez você já tenha ouvido por aí que morrer do coração é coisa de homem e que nós, mulheres, estamos mais protegidas contra o problema. Esse é um dos primeiros mitos que a gente precisa derrubar para ajudar a combater uma realidade dura: doenças cardíacas são a principal causa de morte de mulheres. A cada 80 segundos uma mulher perde a vida por esse motivo (é mais do que câncer e acidentes, por exemplo). Das mortes que acontecem todos os anos, 55% são homens e 45% são mulheres. Ou seja, estamos praticamente empatadas com eles em relação a isso. E a notícia mais chocante: 80% dessas mortes poderiam ser evitadas. Mudanças no estilo de vida seriam suficientes para poupar milhares de vidas.

Por que, afinal, tantas mulheres morrem de doenças do coração? "Antigamente, as mulheres tinham outro estilo de vida. Hoje, a jornada de trabalho dupla entre casa e trabalho, é uma grande fonte de estresse. Isso também faz com que as mulheres tenham menos tempo para se dedicar à atividade física e acabam se alimentando mal", diz a médica Ludhmila Hajjar, coordenadora do grupo de cardio-oncologia do Instituto do Câncer e do Instituto do Coração, vice-coordenadora da pós-graduação da cardiologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora da residência em cardio-oncologia da FMUSP.

Além do estilo de vida, existe também a questão hormonal. De fato, os hormônios femininos (progesterona e estrogênio) oferecem uma proteção cardiovascular maior às mulheres. Mas, a partir do período da menopausa e perimenopausa (que pode começar alguns anos antes da menopausa em si) ocorre uma queda desses hormônios, ou seja, nossa "proteção" se vai. Nesse sentido, a reposição hormonal pode ser um aliado, mas desde que em condições muito controladas. "A reposição deve ser feita com muito critério médico, de forma individualizada e com acompanhamento de perto", alerta a médica (eu já falei sobre minha experiência com reposição hormonal aqui).

Mas a boa notícia para nós, mulheres, é que a prevenção de uma morte como essa está muito mais em nossas mãos do que de tratamentos médicos. Depende de como cuidamos da gente no dia a dia. E não tem segredo. São cuidados simples, mas que, obviamente, demandam disciplina e empenho da nossa parte.

Como se prevenir de doenças cardíacas

Cuide da alimentação: a nossa dieta é fundamental para prevenir o pior no caso do nosso coração. Durante anos nos foi dito que o que fazia mal para o coração era o colesterol e a gordura na nossa dieta. E aí o caminho natural foi evitar gorduras (a febre dos alimentos light) e aumentar o consumo de carboidratos refinados (farinhas brancas, pães brancos, arroz branco, macarrões ou massas não integrais, biscoitos, bolachas e bolos) e açúcar. "Esse tipo de dieta aumenta a resistência insulínica e proporciona o acúmulo e gordura na região abdominal. Esse é um grande risco para doenças cardiovasculares", diz Ludhmila. A dieta ideal para cuidar do coração e das nossas veias e artérias, segundo ela, é a Mediterrânea. Carnes magras (de preferência peixes), legumes, gorduras boas (azeite extra-virgem, abacate e oleaginosas) e frutas. Arroz, macarrão, pão e açúcar devem ser consumidos com moderação.

Faça atividade física: mais uma vez, aqui não temos escolha. Fazer exercícios não é uma questão apenas de manter a boa forma, é questão de sobrevivência. O mínimo que a gente precisa fazer para ter o benefício de proteção cardíaca são 150 minutos por semana. Ou seja, meia hora, cinco veze por semana. Não é tanta coisa assim, mas exige disciplina porque aquele velho hábito de frequentar a academia por alguns meses e depois parar por outros vários não vai ajudar a te proteger. Temos que ser constantes. Já falei aqui também sobre os exercícios ideais para quem passou dos 40.

Dê adeus ao cigarro e limite o consumo de álcool: se você passou dos 40 e continua fumando, nem preciso dizer que você precisa repensar esse hábito e buscar ajuda para parar. Esse é um dos maiores riscos para doenças cardíacas. Sobre o álcool: se você tem o hábito de tomar um drinque frequentemente, mesmo aquele "vinhozinho", também é hora de ter mais controle sobre isso. Já falei aqui sobre o que estrago que o álcool faz com nosso corpo depois dos 40. O ideal é deixar a bebida para ocasiões sociais, sempre mantendo o consumo em no máximo duas doses e sempre tomando pelo menos dois copos de água entre cada dose.

Combata o estresse: essa é uma causa enorme de problemas cardiovasculares e até de aumento da pressão arterial. Algumas coisas a gente talvez não tem como evitar, como se dedicar ao trabalho, à casa e aos filhos e mais ainda se a gente vive em grandes cidades (trânsito, vida corrida etc). Mas é fato que não podemos seguir sendo super-heroínas e ficando sobrecarregadas o tempo todo. É hora de exigir dos parceiros (para quem tem parceiro, obviamente) uma divisão de tarefas mais justa. Buscar um controle do estresse com técnicas de meditação ajuda muito.

Parece tudo simples, né? O mais difícil, nesse caso, é a mudança de hábitos. Cuidar da dieta e fazer exercícios são passos que muita gente não consegue dar com consistência. Mas pense nisso: 80% de chances de prevenir a morte por causa do coração. É ou não é um investimento que vale a pena pela sua saúde?

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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