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Cansada mesmo depois de dormir 8 horas? Fadiga pós-40 anos é real e comum

Silvia Ruiz

14/02/2020 04h00

iStock

"Toda manhã eu levanto da cama me arrastando, parece que nem dormi! Só começo a me sentir melhor depois de um balde de café. No meio da tarde, tenho a sensação que poderia dormir em cima do computador na mesa do escritório. Passo o dia bocejando. Nem me lembro quando foi a última vez que consegui ver um episódio inteiro de uma série à noite ou ler um capítulo de um livro. Eu simplesmente apago na cama. O que será esse cansaço que não passa?" Levante a mão se isso soa familiar.

Essa é apenas uma das muitas mensagens que recebo no Instagram (@silviaruizmanga) de mulheres com mais de 40 anos falando sobre falta de energia e esse cansaço exagerado inexplicável, mesmo dormindo oito horas por noite. A sensação é tão comum que nos EUA tem até nome "the fatigued 40s" (algo como a fadiga dos 40). "É uma das maiores queixas das minhas pacientes nessa idade", diz Vania Assaly, endocrinologista, nutróloga e especialista em medicina preventiva e de estilo de vida.

A verdade é que gente em geral equilibra vários pratinhos na vida, principalmente depois dos 30: filhos pequenos, casamento, crescimento profissional, gestão da casa. Até essa idade, mesmo com todo o estresse gerado, de alguma maneira nosso corpo dá um jeito de ir compensando o estrago. "O que acontece é que após os 40 a sustentação hormonal, que permite esse equilíbrio, começa a oscilar. E aí pode ficar mesmo difícil para o corpo se recuperar", diz Vânia.

Existem elementos externos que contribuem muito para esse cansaço. Em geral a gente está com filhos pequenos (ou pior: adolescentes), o que nos causa um aumento enorme de preocupação (e estafa mental). A demanda profissional tende a ser alta para quem chegou a um estágio mais alto na carreira. Isso sem falar que muitas vezes é nessa fase que muitos casais vivem crises nos casamentos mais antigos.

E mesmo depois de oito a dez horas de sono pode ser que você ainda não se sinta descansada. "É muito importante investigar a qualidade de sono. É comum que as flutuações hormonais provoquem um sono superficial e não reparador", diz a médica. Para isso é preciso fazer um exame chamado polissonografia. Existe também um exame chamado Oxistar que a gente faz em casa com um aparelho que fica conectado ao dedo e é capaz de medir a qualidade do sono.

Além disso, é importante investigar os hormônios. Mesmo sem sintomas aparentes de menopausa (e inclusive estar menstruando normalmente), é possível que os hormônios estejam em queda. É a chamada perimenopausa, que começa muitos anos antes da menopausa em si (que é quando passamos efetivamente 12 meses sem menstruar).

O que fazer

  • Reduza o álcool: Se você tem o hábito de beber sempre, reduza ao máximo o consumo. O estrago que o álcool provoca no nosso corpo após os 40 nos deixa ainda mais cansadas. Aquela abusadinha de álcool que você deu a vida inteira nos finais de semana vai ter um efeito muito maior após os 40 anos.
  • Faça exercícios: Isso é obvio para a saúde em geral, mas quando a gente já está sempre cansado, pensar em exercício parece um martírio e acabamos deixando de lado. Mas é justamente o contrário: se mover vai fazer seu corpo lidar melhor com o estresse e vai ajudar no equilíbrio hormonal. O resultado vai ser se sentir com mais energia.
  • Reposição hormonal: Avalie com seu médico a possibilidade de repor hormônios, caso eles estejam em queda. Há contraindicações, mas somente um especialista vai poder avaliar seu caso. Já contei aqui sobre a minha experiência com a reposição hormonal que fez muita diferença na minha disposição.
  • Suplementos e dieta: Alguns nutrientes são muito importantes para ajudar na recuperação do corpo. Um deles, por exemplo, é o magnésio, um mineral e eletrólito essencial que tem um papel importante em vários processos no nosso corpo, incluindo a produção de energia. Fale com seu médico ou nutricionista sobre a necessidade de reposição deste e de outros nutrientes caso você não esteja obtendo a quantidade correta com a alimentação.
  • Durma cedo: O sono reparador tem tudo a ver com o momento em que dormimos. Nosso corpo é regido por genes que ligam e desligam dependendo do momento do dia, é o chamado ritmo circadiano. Ficar trabalhando até tarde ou com os olhos ligados na tela do celular são as piores coisa que você pode fazer. O melhor para ter um sono reparador é pregar os olhos no máximo às 22h. Eu comecei a fazer isso em 2019 e fez toda a diferença na minha qualidade de sono. É difícil mudar esse hábito, mas acredite, muda a vida!

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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