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Depressão antes ou depois da menopausa? A culpa deve ser dos hormônios

Universa

11/10/2019 04h00

Crédito: iStock

Apesar do nome "menopausa", a gente quer tudo menos pausa nessa fase de transição da vida além da menstruação e da fertilidade (que alívio dar adeus à TPM e aos métodos contraceptivos!). No entanto, muitas mulheres experimentam um momento difícil nessa fase que vai além dos famosos sintomas físicos como calores e que deixam tudo meio cinza: a depressão.

Eu recebo dezenas de mensagens de seguidoras no meu Instagram (me siga lá também @silviaruizmanga) dizendo que se sentem "sem ânimo para nada". Estudos mostram que o risco de passar pelo problema dobra ou até quadruplica em mulheres durante a fase do climatério ou mesmo um pouco antes, na chamada perimenopausa. A grande responsável por isso é a perda hormonal que vivemos nesse período.

"Os hormônios sustentam muito a neuroquímica e força vital dos indivíduos. A queda deles na menopausa traz alterações significativas na química cerebral", diz Vânia Assaly, endocrinologista.

Por isso, se você estiver experimentando algum tipo de sensação como alterações de humor que podem ir da tristeza profunda até uma irritação sem motivo ou simplesmente uma "falta de vontade" com a vida, pode desconfiar que seus hormônios estejam em queda e procure um médico para fazer exames e verificar se é seu caso. "Além da falta de libido sexual, é comum a falta de libido com a vida mesmo, a perda da força para enfrentar as adversidades, cair e levantar, enfrentar os embates", diz Vânia.

Os três hormônios que fazem parte desse processo são a progesterona, o estradiol e a testosterona (o hormônio masculino). A queda da progesterona, por exemplo, está diretamente relacionada ao aumento de ansiedade, da nossa memória e da qualidade do sono. Já o estrogênio tem relação com a produção de serotonina, e a testosterona com a libido e como nosso ânimo geral para a vida. E no final todos esses hormônios atuam como uma orquestra gerindo uma série de processos no nosso cérebro. "Os hormônios são um tonalizante para o nosso cérebro. Com a queda deles a gente pode perder o encantamento pela vida. Eu faço uma analogia que é como se a gente saísse sem blush, sem batom, se cor."

O que fazer?

Um estudo publicado em 2018 no JAMA Psychiatry mostrou que a reposição hormonal pode ajudar a afastar os sintomas de depressão nas mulheres nessa fase. Os cientistas identificaram que as mulheres em perimenopausa logo após a menopausa que fizeram o tratamento hormonal experimentaram menos sintomas de depressão dos que a tratadas com placebo.

Eu já falei sobre reposição hormonal e minha experiência pessoal com o assunto. Existem contraindicações para algumas mulheres, mas em grande parte dos casos ela pode ajudar muito nesse processo. "Sempre com um acompanhamento muito de perto do médico, com a combinação certa de hormônios para cada mulher, de forma individualizada", alerta a médica. "Não adianta exagerar na testosterona, por exemplo, achando que vai ter mais ânimo e libido e causar efeitos adversos e muitas vezes deixar a mulher agressiva e reativa."

Segundo a médica, alguns suplementos também podem ajudar, como ômega 3, magnésio e alguns fitoquímicos, mas, aqui também vale consultar um médico.

Fazer atividade física também ajuda muito. É claro que quem está com depressão e sem vontade para nada muitas vezes não quer nem pensar nisso, mas é parte da solução para o problema fora o papel fundamental no nosso bem-estar como um todo.
Outra coisa importante é não se isolar, não se fechar. Busque ajuda de amigas, da família, de grupos de mulheres que estejam passando pelo mesmo momento e também de terapeuta se necessário. Converse com seu parceiro ou parceira para explicar como se sente e pedir a cumplicidade nesse momento delicado. Só não vale achar que a vida acabou. Menopausa é uma fase, e hoje há recursos para a gente passar por ela da melhor maneira possível. Tudo menos pausa!

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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