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Fáscia: a rede que percorre todo seu corpo e pode causar dor ou bem-estar

Silvia Ruiz

09/08/2019 04h00

Crédito: iStock

Tem um novo termo da moda tomando conta das academias e estúdios de ioga e pilates: liberação miofascial. Nos últimos anos, a comunidade científica que estuda dores, movimento e até depressão passou a voltar a atenção a esse tecido conjuntivo que lembra uma grande rede e recobre todos os nossos músculos, nervos e órgãos do nosso corpo, a fáscia. Seu principal papel é manter tudo no nosso organismo no seu devido lugar. E, quando a gente fica mais velho, obviamente esse tecido também vai sofrendo danos.

Eu costumo postar no meu perfil no Instagram (me siga lá também @silviaruizmanga) a automassagem que eu faço para "soltar" esse tecido com rolos e sempre gera muita curiosidade. O uso do "foam roller" (rolo de espuma) é apenas uma das técnicas usadas para a tal liberação miofascial, que hoje vai muito além do ambiente das academias. Fiquei obcecada por esse assunto quando descobri o quanto cuidar dessa fáscia é um grande segredo para o nosso bem-estar não só físico como emocional e grande responsável pela nossa mobilidade.

Os pesquisadores começam a descobrir que esse sistema, que é uma espécie de teia interna de consistência gelatinosa e totalmente conectada por nervos, irrigada com sangue e colágeno, tem relação direta não apenas com nossa capacidade de movimento, mas também com problemas como fibromialgia, fadiga crônica e dores no corpo em geral quando ela sofre danos ou está desorganizada.

"A fáscia é um dos sistemas mais amplos e importantes do corpo porque ele conecta todo o nosso organismo", diz o fisioterapeuta e osteopata David Costa, "Quando sofre danos, afeta toda a nossa fisiologia. "

E o que pode afetar esse sistema? Quando a fáscia perde a lubrificação no espaço entre ela e os músculos e órgãos, ela resseca e "endurece" formando nós, que se tornam pontos de tensão. A dor pode surgir no local ou até irradiar para outras partes do corpo.

E sabe qual o principal problema que afeta negativamente nossa fáscia? O estresse. "A gente tem que entender o estresse como a maneira que cada um reage aos estímulos do dia a dia, e isso é individual. Tem gente que pode passar uma tarde no trânsito e reagir mal e acabar estressado, enquanto outras podem lidar bem com isso.", diz Costa.  O ponto é, o estresse e nossas emoções mais primitivas, como o medo, a raiva e a tristeza podem afetar o bom funcionamento e causar danos à fáscia. E é aí que podem surgir todo tipo de dores pelo corpo e emoções negativas. O contrário também é verdadeiro. Quando estamos felizes e relaxados tendemos a liberar mais substâncias no corpo que deixam a fáscia mais lubrificada e menos tensa.

Esse assunto não é exatamente novo, mas agora surgiu um boom de terapias manuais e com equipamentos para tratar os problemas causados pela tensão na fáscia através de sua liberação. "Existem várias técnicas diferentes, mas o objetivo é liberar esses pontos que estão tensos desequilibrando o sistema", diz Costa. "Isso pode ser feito desde usando um rolinho, uma massagem profunda e até mesmo um toque sutil no corpo que dá um sinal para que ele relaxe. A escolha da técnica deve ser individualizada. "

Eu, por exemplo, estava usando o tal rolo de espuma quase todos os dias da semana, mas Costa me deu um alerta: o excesso de estímulo na fáscia pode sobrecarregar o sistema ainda mais! Por isso tenha cuidado. Não se empolgue usando todas as técnicas ao mesmo tempo e nem todos os dias. Seja como for, eu me sinto mil vezes mais leve e relaxada quando uso essas técnicas de liberação.

Técnicas de liberação da fáscia

Massagem: sim, a velha e boa massagem tem exatamente esse papel de soltar a fáscia. Existem várias técnicas, desde a chinesa gua sha, que faz uma espécie de "raspagem" pela pele, até massagem manual profunda. Há também uma novidade que vem ganhando adeptos que são as massage guns (revolveres de massagem), mas novamente, muito cuidado: a ideia não é "massacrar" os pontos de dor, que podem ser afetados ainda mais.

Alongamento: mais uma técnica que muita gente faz e não tem ideia de que está esticando não só os músculos, mas também a fáscia, por isso é importante fazer sempre. Mas, de novo, para não sobrecarregar o tecido, nada de alongar depois da musculação, por exemplo. "O ideal é só alongar o grupo muscular trabalhado na musculação 24 horas depois", recomenda David.

Foam Roller: os tais rolinhos de espuma e também até mesmo bolas de tênis e bolas de pilates podem ser usadas com técnicas de automassagem para soltar a fáscia. Mas não pense que tem que "forçar" nos pontos de dor para acabar com eles, pois isso pode causar mais danos.

Sobre Autora

Silvia Ruiz é jornalista e trabalha com comunicação digital e PR. Durante mais de 15 anos atuou na cobertura de saúde, bem-estar e estilo de vida. É apaixonada por alimentação natural, meditação e práticas holísticas. Mãe do Tom, do Gabriel e da Myra, tem bem mais de 40 anos e está tentando aprender a viver bem na própria pele em qualquer idade.

Sobre o blog

O que é envelhecer hoje? Este é um espaço com informações para a geração que tem mais de 40 e não abre mão de viver uma vida plena e, principalmente, saudável, independentemente da idade. Aqui não falamos em “anti-aging”, e, sim, em “healthy aging”. Dicas de alimentação, beleza, atividade física, carreira e estilo de vida para quem busca ser “ageless”.

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